• Blog
  • Cursos
  • Loja
  • Comunidade
  • Telegram
    Alguma dúvida?
    [email protected]
    RegistrarEntrar
    Fotografia DG - Referência em Dicas de FotografiaFotografia DG - Referência em Dicas de Fotografia
    • Blog
    • Cursos
    • Loja
    • Comunidade
    • Telegram

      Foto Arte

      • Casa
      • Blog
      • Foto Arte
      • Masahisa Fukase (1934-2012) entre  corvos e musa(s)…

      Masahisa Fukase (1934-2012) entre  corvos e musa(s)…

      • Autor Rogério Akiti Dezem
      • Categoria Foto Arte
      • Data 12/08/2016

      Sempre acreditei que todo grande fotógrafo (i.e. “artesão da luz”) é um “mentiroso”, “egoísta”e “contraditório” por natureza e não por ofício. Um obstinado com a sua arte, enamorado de si mesmo – não confundir com simples vaidade – constantemente atormentado por transitar no limite entre o fracasso e a perfeição, mas na essência um generoso. Enfim, um ser cujo sentido da palavra “realidade” se torna tão difuso que a sua (mínima) compreensão só é concebível ao vislumbrarmos o seu trabalho fotográfico cuidadosamente.

      Artesãos da luz como os norte-americanos W. Eugene Smith (1918-1978) e Diane Arbus (1923-1971) poderiam se encaixar neste prólogo. Em terras nipônicas podemos colocar neste panteão o obssessivo fotógrafo Masahisa Fukase (1934-2012).

      Fukase_top

      Fukase fez parte de uma geração de fotógrafos forjados em um contexto transitório do olhar nipônico (pós-1945), sua maneira de ver o mundo e dialogar com ele através – e unicamente – de uma câmera, condensa um realismo nostálgico, experimentação fotográfica, egotismo e melancolia, chegando ao limite de transmutar-se de sujeito para objeto na sua obra-prima Karasu.

      Publicada fora do Japão com o título “The Solitude of Ravens” (em jap. Karasu, 1986) a obra foi escolhida pelo British Journal of Photography como o melhor livro fotográfico dos últimos 25 anos em 2010. E com certeza um das mais complexas – e perturbadoras –  narrativas fotográficas já produzidas. Em termos estéticos seria um encontro entre a arte e o drama,  um diálogo denso, silencioso e sem volta… Em termos psicológicos, podemos notar em Fukase uma busca quixotesca em compreender a “dor da perda”, a “sensação de solidão”  representada pelo onipresente karasu (corvo). Segundo a interpretação dos autores Martin Parr (fotógrafo e atual presidente da agência Magnum) e Gerry Badger (crítico):

      One climatic image of silhouetted birds in formation, wings outstretched against a grainy sky, metamorphoses into a wire news service image of overheard warplanes – a significant and traumatic image for postwar Japan.*

      Karasu (1986)

      Essa purgação da(s) memória(s) sobre os efeitos da guerra por uma brilhante geração de fotógrafos japoneses como Tomatsu, Hosoe, Nakahira, Moriyama, Araki entre outros, pode ser representada através da busca de novas linguagens para representar o ethos japonês sob vieses completamente diferentes pelos fotógrafos citados. A narrativa pós-traumática criada por Fukase neste sombrio – e belo – projeto fotográfico que lhe consumiu cerca de oito anos,  nos conduz desde a questionamentos instantâneos como: “Por que fotografar corvos?” Até:  “É possível a partir da fotografia construir uma narrativa simbólica da dor?”. Observar corvos, fotografá-los de diferentes maneiras e em vários momentos por quase uma década para quê?  E seria nesse repetitivo exercício que se encontra a cerne da obra de arte fotográfica fukasiana. A obssessão em fotografar corvos e ao mesmo tempo, a sua generosidade em “dividí-los” conosco, a partir de uma provocação do olhar ou seria “mal-estar do olhar”? Algo que tornou-se tão real que ao finalizar seu projeto Fukase comentou que havia “se tornado um corvo”…

      O outro lado do binômio fukasiano, sua(s) musa(s), seria(m) a priori o elemento contrastante ao doloroso universo narrado acima. Menos denso e melancólico,  mais intenso e palpável, as séries de imagens produzidas por ele de sua primeira companheira Yukiyo Kawakami e depois da sua segunda esposa – e principal musa – Yoko Wanibe (atriz de Nô) entre meados dos anosde 1960 e 1970, tornaram-se ícones de um universo íntimo que foi compartilhado aos poucos pelo fotógrafo ab initio junto ao público japonês. Anos depois, quando nos deparamos com o conjunto destas imagens na obra Yoko (1978), a sensação é de que o fotógrafo quis dividir a sua obssessão pela esposa conosco – uma espécie de voyerismo compartilhado – de forma natural, uma narrativa de treze anos de intimidade que vai se dissolvendo ( e nos seduzindo…) em imagens cotidianas entre a nudez de Yoko, sorrisos, caretas, sombras, close-ups, candids, gatos – elementos intrínsecos ao universo fukasiano – muitas imagens tendo como background o ambiente típico dos danchis (conjuntos habitacionais) japoneses onde o casal vivia. Intimidade pura.

      Fukase_top2_2

      Em entrevista para revista de fotografia Camera Mainichi em 1973, Yoko descreve o marido como um “incurável egoísta” (título da entrevista) :

      We have lived together for ten years, but he has only see me inside the lens, and I believe that all the photographs of me were unquestionably photographs of himself.

      Fukase um “incurável egoísta”? Talvez…O próprio fotógrafo faz mea culpa:

      I kept dragging loved ones into my work in the name of photography, but I never could make anybody happy that way – not even myself. I wonder whether I’m truly enjoying myself when I take photographs?

      Fukase e Yoko se divorciaram em meados da década de 1970, a dolorosa separação da musa levou o fotógrafo a buscar outros caminhos imagéticos para expressar o vácuo criado pela perda (nunca superada…), foi neste período transitório que musa(s) e corvos acabaram por se encontrar no imaginário fukasiano, o resto é história…

      Nos dois grandes projetos de sua vida a palavra “obssessão” foi o leitmotv deste genial fotógrafo. Para Fukase a técnica se tornou – como deveria ser – apenas um instrumento para decodificar o seu olhar que aliado a sua intuição e a necessidade voraz de decodificar o “seu mundo”através das lentes, construiu uma narrativa densa, pungente e melancólica, por isso inesquecível. Fukase (inconscientemente cegado pelo egoísmo?) criou um universo próprio de musa(s) e corvos sedutor e memorável.

      *The Photobook: A History volume I. Martin Parr and Gerry Badger (autores). Nova Iorque, Phaidon Press, 2012.p.306.

      Links:

      • https://www.theguardian.com/artanddesign/2010/may/24/masahisa-fukase-ravens-photobook
      • http://www.wallpaper.com/art/masahisa-fukase-solitude-of-ravens-michael-hoppen-gallery
      • https://www.theguardian.com/artanddesign/2015/jul/13/masahisa-fukase-photographed-nothing-but-his-wife
      • http://www.diesel.co.jp/art/en/masahisa_fukase/

      Tag:japonês, Masahisa Fukase

      • Compartilhe:
      autor avatar
      Rogério Akiti Dezem

      Natural de Osasco (SP) é historiador, professor universitário e, nos últimos quatro anos, fotógrafo urbano pelas ruas da Ásia. Meu motto é: “O prazer de fotografar é mais importante do que a precisão”. Meu site fotográfico: http://akitidezemphotowalker.zenfolio.com/ Em maio de 2015 publiquei pelo Blurb minha primeira monografia fotográfica: ECHOES (2012-2015).

      Artigos Anteiror

      Guia rápido para uma sessão de Fotografia de Retrato
      12/08/2016

      Artigo Seguinte

      Como fazer backup das fotos da família num só local
      12/08/2016

      Você também pode gostar

      Sessão fotografica Cachorra e pato animais
      Cachorra e pato podem ser amigos? Descubra nesta linda série fotográfica!
      20 janeiro, 2021
      A beleza ruiva e um lindo projeto fotográfico
      A beleza ruiva e um lindo projeto fotográfico do fotógrafo escocês Kieran Dodds
      5 janeiro, 2021
      VonWong’s Underwater Fisherman in collaboration with Ballentines
      Von Wong e suas realidades paralelas
      30 dezembro, 2020

      Procurar

      Categorias

      • Artigos de opinião
      • Atualidade
      • Dicas
        • Gastronomia
        • Gestante
        • Newborn
      • Fotojornalismo
      • História da Fotografia
      • Inspirações
        • Entrevistas
        • Foto Arte
      • Pós-Produção
      • PREMIUM

      Cursos Mais Recente

      Como Usar o Rebatedor na Fotografia

      Como Usar o Rebatedor na Fotografia

      Free
      Guia de Poses Completo para Fotógrafos

      Guia de Poses Completo para Fotógrafos

      Free
      Dominando o Lightroom Mobile

      Dominando o Lightroom Mobile

      R$ 247.00

      MAIS VENDIDO DE 2020

      E-BOOK O SISTEMA DE ZONAS SEM MITOS

      O que vou ensinar neste livro é para quem gosta de ir ao pormenor da fotografia para obter os melhores resultados e crescer muito tecnicamente com o controle que passa a ter.

      QUERO SABER MAIS




      © 2009 - 2020 Fotografia DG. Todos os direitos reservados.

      • Privacidade
      • Termos & Condições
      • Quem Somos

      Faça Login com a sua conta de site

      Perdeu sua senha?

      Ainda não é um membro? Registe-se agora

      Registrar uma nova conta

      Você é um membro? Login agora

      Usamos cookies para melhorar a sua experiência Opções de CookiesACEITAR
      Privacidade & Cookies

      Privacidade

      Utilizamos os denominados cookies no nosso site com o objectivo de tornar a nossa oferta mais eficaz, segura e fácil de usar. Os cookies são pequenos ficheiros de texto que se arquivam ou armazenam no computador do consumidor e que contêm informação codificada sobre o conteúdo da sua visita, bem como os dados introduzidos pelo consumidor. A maioria dos cookies que utilizamos são os denominados “cookies de sessão” que se eliminam automaticamente no final da visita do consumidor. No entanto, outros cookies permanecem no computador, como os chamados “cookies permanentes”, aos quais se pode aceder nas suas visitas seguintes e permitir a detecção do seu browser, bem como diversas funções de serviço. Os cookies não danificam o computador do consumidor e não contêm vírus.

      Em qualquer momento, o consumidor pode ajustar a configuração do browser para recusar ou eliminar cookies directamente. Sugerimos que consulte as instruções correspondentes do fabricante do seu browser. Não obstante, advertimos de que, nesse caso, as funções dos nossos sites deixam de poder ser plenamente utilizadas e, portanto, recomendamos a activação das funções para permitir o uso de cookies.
      Necessário
      Sempre Ativado

      Os cookies necessários são absolutamente essenciais para que o site funcione corretamente. Esta categoria inclui apenas cookies que garantem funcionalidades básicas e recursos de segurança do site. Esses cookies não armazenam nenhuma informação pessoal.